O coração é cheio de armadilhas. A vida também...
Quando conheceu Flavio, Duda teve certeza de que encontrara as respostas que tanto buscava: O porque seu relacionamento com João esfriara tanto, porque não acreditava mais no amor, em almas gêmias, em loucuras incontáveis para ficar ao lado de que amamos. Foi instantâneo. Era como se já fossem velhos amantes. E foi uma noite memorável.
Mas a manhã seguinte trouxe a realidade: sentia-se presa a um sentimento adormecido, à uma relação desgastada, sofrida. Presa à acomodação de ter ao seu lado alguém que a venera, mesmo sem reciprocidade. E ao medo de, se der as costas à esse relacionamento, ficar só...
Mas Flávio a fez sentir-se inteira, completa, viva. Mostrou-lhe que amar de novo é possível, que não há o que temer.
Ao decidir jogar tudo pro alto e entregar-se à esse amor, descobre que João está gravemente doente. Não sabe ao certo quão doente ele está, mas vê-lo tão abatido, definhando mais pelo fim que ela mesma propunha com seus atos, com a falta de seus toques do que pela doença em si...
Essa noticia a paralisa. Não consegue juntar coragem suficiente para encarar João e dizer que acabou.
Propor a fuga à Flávio foi a covarde saída que encontrou para seu amor.
Tudo acertado, malas prontas e a consciência deu um grito: que espécie de pessoa faz isso? Vai até a casa da amiga Michele, entrega-le um bilhete, pede que o leve à Flávio. Explica-lhe que decidiu abrir o jogo com João: ele merecia saber a verdade. Pedia a Flávio que a esperasse, que partiria com ele sem carregar nas costas o abandono covarde e insensível.
Inocentemente, entrega nas mãos de Michele uma arma poderosa contra si mesma... Será que seria usada?
Diante de João, do sofrimento dele, do toque dele cheio de amor e súplica, a voz de Duda falha e a coragem também. Sai da sala com a certeza de que conseguirá por um ponto final naquilo tudo. Só precisava tirar aquela roupa molhada, pôr a cabeça no lugar e...